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Um manifestante com uma máscara dos Anonymous |
Jeremy Hammond fará em Janeiro 29 anos. Define-se como activista e anarquista, e levou a cabo crimes informáticos, identificando-se como membro do conhecido colectivo Anonymous. Foi condenado a passar os próximos dez anos numa prisão americana. Não é a primeira vez que é condenado.
Em Dezembro de 2006, e depois de já ter tido breves detenções
por altercações em manifestações e por posse de drogas leves, Hammond foi
levado a tribunal por ter entrado nos computadores de um grupo político
conservador que se empenhava sobretudo na defesa da guerra no Iraque. Entre a
informação que Hammond roubou, estavam números de cinco mil cartões de crédito.
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Jeremy Hammond, numa fotografia de 2012
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Embora
os dados não tenham sido usados para desviar qualquer dinheiro e o tribunal
tenha considerado que Hammond tinha motivações políticas e não procurava ganhos
financeiros, o facto de ter ficado na posse de números de cartões bancários
acabou por ser determinante para o desfecho do processo judicial. O jovem foi
condenado a dois anos de prisão e cumpriu a pena numa prisão de segurança média.
Depois
de sair da prisão, Hammond voltou a ter vários problemas com as autoridades. Um
dos episódios mais graves ocorreu em Novembro de 2010, quando Jeremy e o irmão
gémeo, Jason, foram condenados a penas suspensas (e, no caso de Jeremy, a
trabalho comunitário) por terem danificado uma faixa relativa aos jogos
olímpicos de 2016, a que Chicago (a cidade onde os dois viviam) se candidatara.
Ambos mostraram arrependimento em tribunal, onde a acusação pediu uma pena de
prisão efectiva, argumentando que os Hammond tinham um historial de desrespeito
“com as leis do estado e do país”.
Em
Março do ano passado, Jeremy foi detido pelo FBI e, no dia seguinte, acusado de
ter participado no roubo de e-mails de
uma muito reputada empresa americana de informação estratégica chamada
Stratford. Os e-mails tinham
começado a ser publicados na WikiLeaks no mês anterior e os responsáveis pela
acção identificaram-se como pertencendo ao movimento Anonymous, um colectivo
sem uma estrutura formal conhecida e que tem servido de identidade para vários
ciberataques e manifestações, incluindo em Portugal. O hacker fazia
também parte dos LulzSec, um grupo mais restrito que emanou dos Anonymous.
Para
além dos e-mails e
de dados pessoais de cerca de 860 mil clientes da Stratford, Hammond roubou
dados de cartões bancários, com os quais transferiu aproximadamente 700 mil
dólares para grupos sem fins lucrativos.
Hammond
foi apanhado com a colaboração de um ex-hacker que
se converteu em informador do FBI. Numa entrevista ao britânicoGuardian, na quinta-feira, um dia antes de ser conhecida a
sentença, Hammond mostrou já esperar uma pena pesada e classificou a decisão
como um “acto vingativo e desprezível”.
“Eles
mostraram claramente que estão a tentar enviar uma mensagem aos que vierem
depois de mim”, afirmou, dizendo que as autoridades foram “envergonhadas pelos
Anonymous e precisavam de salvar a face”. Criticou ainda o facto de o
informador que o levaria à prisão já estar a trabalhar para as autoridades
quando o incentivou a atacar tanto a Stratford, como sistemas informáticos de
agências governamentais de outros países. O hacker terá
acabado a dar informação ao FBI sobre vulnerabilidades naqueles sistemas.
Hammond
declarou-se culpado em tribunal, garantindo assim que não seria condenado a
mais de dez anos de prisão. A sentença determina ainda que não poderá ter
liberdade condicional e que, nos três anos seguintes, estará sob supervisão das
autoridades e poderá usar a Internet apenas de forma limitada.
Na
sexta-feira, momentos antes de ouvir a sentença, Hammond classificou as suas
acções como sendo de “desobediência civil” contra a vigilância estatal e as
empresas que colaboram com os governos. E argumentou que a Stratford merecia os
ataques.
A
juíza encarregue do caso, porém, condenou as acções, lembrou que Hammond era
reincidente e argumentou que os ataques informáticos causaram “danos vastos”,
dando como exemplo um caso em que os ataques a um sistema público do estado do
Arizona levaram a problemas no sistema de alerta para crianças raptadas.
De
acordo com o relato do New York Times, quando saía da sala após a leitura da sentença,
Hammond ergueu o punho e gritou “Longa vida aos Anonymous” e “Urra pela
anarquia”. AoGuardian, Jeremy Hammond dissera no dia anterior que não
tencionava voltar às actividades de hacker e
que planeava passar o tempo na prisão a ler, escrever e fazer exercício.
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